sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CRÔNICA À TOA: CALOR

Noite quente. Rolada na cama a toda hora... e nem me refiro à deste tipo que você está pensando... Paro por um instante e imagino em como o colega saudita Samir, do intercâmbio em Toronto, deve lidar com a quentura quando lá pelas arábias faz mais de 50 graus... Aqui apenas a umidade do deserto e o suor intenso. Mas o que incomoda é ficar molhado o tempo todo, de qualquer forma. E aquela sensação de ter se mijado ou se borrado todo? Não dá para fazer nada direito. O raciocínio vai pro beleléu e quando você percebe, já disse errado o que nem pensou, se é que estivesse certo. Sentado um dia desses notei que tenho usado o apelido errado para certa parte do corpo, o tal sovaco da perna.

Não estudei anatomia mas, por analogia, vejo que a parte detrás da perna, exatamente oposta ao joelho, não está para a perna como as axilas estão para o braço/corpo. Veja bem, no braço temos as articulações do pulso e do cotovelo, enquanto na perna temos as do tornozelo e do joelho. A sovaqueira está embaixo da ligação do membro superior com o tronco, logo a referente à da perna também fica em outro lugar. Então, só posso concluir que o tal sovaco da perna só pode ser ou a virilha ou a dobrinha da bunda! Seja um ou outro, só me traz à mente as ideias mais bizarras, caso essa parte do corpo também fosse mais, digamos, atuante no nosso olfato.

Pense bem. Aquele ser que entra no ônibus com CC insuportável, fedendo a gambá molhado morto a tapa e abre os braços para se segurar em algum lugar. Lembrou? E se o cheiro viesse com muito mais ardor lá de baixo? Imagina a situação no trabalho, fila de banco, elevador, avião... E como avisar essa pessoa sobre seu problema no lugar mais...uh...reservado? "Olha, seu desodorante venceu, mas não o normal, é o do sovaco da perna!", diriam. Daria para a indústria de cosméticos fazer dinheiro em cima disso, apesar de já existir produtos que neutralizam odores em lugares ainda mais específicos... Já imaginou, um Axe ou Old Spice "íntimo"?

Pena ter descoberto o óbvio. Mas vou continuar me referindo à dobra detrás do joelho com esse termo mesmo. E a gente nem tem um nome para a dobra do braço aposta ao cotovelo...ou temos? Enfim, vou tomar um banho porque já suei lá...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

WORLD BUILDER

Um vídeo tocante sobre o amor e esperança, produzido por Bruce Branit.


PENSE A RESPEITO!

O bom observador sempre terá boas estórias para contar e aqui está uma ótima contadora de estória da realidade: Laiz Marinho e o seu blog, Pense a respeito!. Neste texto, um retrato dos sentimentos em um lugar comum e dicotômico para muitos. Para ler o texto na íntegra, clique aqui.

por Laiz Marinho

quinta-feira, 3 de abril de 2014

SE ENAMORA

Nós sempre lembramos dos momentos marcantes de nossas vidas e se tem algo de que não me esqueço é da primeira vez que me apaixonei. Nem consigo acreditar de tão cedo que isso aconteceu! E ao contrário do que costumam dizer, que crianças não sabem o que é amor, sabem sim... elas podem até não traduzir em palavras o sentimento em amor propriamente dito, mas tenham certeza que sabem! E isso tem uma importância grandiosa na formação daqueles seres pequenos que estão descobrindo o mundo.

Para mim os momentos e emoções se confundem com a música e não poderia ter sido diferente com esse episódio. A música em questão é do Balão Mágico, Se Enamora, da qual vocês podem ver o vídeo oficial abaixo. É um ícone na minha infância. Nem ia falar sobre a canção, mas é impossível falar da minha estorinha sem que vocês conheçam a letra da música! Tem muita coisa para levar em consideração dela e daquele momento...

Reparem bem na letra da música:

"Quando você chega na classe, 
nem sabe quanta diferença que faz
e às vezes faço que não vejo e não ligo
e finjo ser distraída demais

Quantas vezes te desenhei,
mas não consigo ver o teu sorriso no fim
te sigo caminhando pelo recreio
quem sabe você tropeça em mim...

(refrão)
Se enamora,
quem vê você chegar com tantas cores 
E vê você passar perto das flores,
parece que elas querem te roubar
Se enamora
quem vê você chegar com tantos sonhos 
Os olhos tão ligados nesses sonhos,
tesouros de um amor que vai chegar

Quando toca o despertador de manhãzinha,
me levanto e vou me arrumar 
E vejo a felicidade no espelho sorrindo,
claro que vou te encontrar

Fico só pensando em você
e juro que eu vou te tirar pra dançar um dia 
Mas uma canção é tão pouco
nem cabe tudo que eu quero falar

(refrão)..."

Que poema subliminarmente inocente! Olhem a idade dessa galerinha do vídeo! E para os mais atentos, percebam a riqueza da harmonia e dos arranjos dessa música INFANTIL!

Puts! Que música!

Bem, mas vamos para a estorinha...

Eu estava no jardim de infância, tinha só seis anos de idade. O nome da menina era Cátia ou Cíntia e ela nem sabia que eu existia. Aí fui inventar de contar para um amigo em quem achava que podia confiar. O safado saiu gritando que eu gostava dela e todo mundo ficou rindo da minha cara, apontando e zombando "tá namorando! Tá namorando!" Pelo menos era o último dia de aula e ninguém ia lembrar disso no ano seguinte.

Para completar, na hora da saída eles sempre colocavam uma música ao invés da sirene que avisava que estava na hora de ir embora. Eis que tocou Se Enamora, e ela ficou marcada como um dos momentos mais singelos da minha vida amorosa, pois o segundo refrão, do final da música, foi exatamente o que eu ouvi, vi e senti naquele instante em que deixava pela última vez o jardim de infância, enquanto observava a menina à distância...

"Se enamora
E fica tão difícil de ir embora
E às vezes escondido a gente chora
E chora mesmo sem saber porquê
Se enamora
A gente de repente se enamora
E sente que o amor chegou na hora
E agora gosto tanto de você..."

Sim, eu era muito precoce pra essas coisas do coração. E assim como muita coisa de criança, aquele sentimento por ela passou rápido, mas nunca esqueci. E sinto uma paz e uma alegria imensa, talvez o ponto perfeito de uma possível concepção do que é o sentimento de amar alguém que não seja um familiar ou amigo, na forma mais angelical que possa ser. Sei que essa emoção me perseguiu durante a vida e, de certa forma, me ajudou a ser quem eu sou e a viver o amor como vivo.

É como se a cada dia que vejo minha aliança na mão direita eu viajasse nesse sentimento puro de infância, feliz e completo ao lado de quem estou. Tudo graças a uma música perfeita e a uma garotinha de seis anos de idade que conheci no último dia do jardim de infância...




quinta-feira, 27 de março de 2014

MANIFESTO

É triste e temerário que a população brasileira trate a mulher como culpada de uma estereotipização tão absurda. Ela não deve ser responsabilizada por ser violentada, de forma alguma, em circunstância nenhuma.

Então, com foco mais diretamente no homem, façamos uma comparação bem tosca para que a maioria dos machistas, que acham que a mulher é culpada pela violência que sofre, possa entender, também numa visão espereotipada.

Suponhamos que você, homem, estudou muito para conseguir um ótimo emprego e com ele ter dinheiro para comprar um baita de um carrão importado. Quando consegue, logo pensa "eu ralei a vida toda, então tenho todo o direito de fomentar meus sonhos e desejos". Ótimo! Então, com essa mesma linha de raciocínio, comece a considerar o seguinte. A mulher, que também se dedica e é vaidosa, que faz dieta, exercícios físicos e se veste de forma a sentir-se bem, segura da sua feminilidade e com autoestima elevada, não merece sair livremente por aí, desfilando sua graciosidade, beleza e sensualidade sem ser perturbada? Afinal de contas, ela também fez por merecer, muito, e tem todo o direito de ser mulher.

Há, nesse ponto, quem alimente o argumento pífio de que a mulher sai quase nua e por isso "pede" para ser estuprada. Ora, isso é comparável ao homem que compra um carrão e, por isso, "pede" para ser assaltado. Ambos são pensamentos típicos de gente atrasada. E reparem que disse gente, pois a opinião coletiva sobre a culpabilidade da mulher em sofrer violência sexual não vem apenas dos homens. Vamos mal como sociedade... muito mal.

Nudez faz parte do sexo, mas não é só sexo e é acima de tudo arte divina! Essa tal conversa de que o jeito de se vestir da mulher é provocante é apenas um reflexo do quanto a sociedade, principalmente a brasileira, está mergulhada no machismo. Além disso, fica evidente a fragilidade do homem, pois mostra falsa fraqueza em conter seus impulsos de macho reprodutor e de como ficou para trás no quesito evolução.

Contudo, essa postura social expõe a forma como passamos a ver as mulheres por uma perspectiva completamente errônea e reduzida. É claro que a exposição e exploração do corpo feminino pela mídia às vezes extrapola o senso comum, porém de nada adianta abraçar essa noção do que é bom para todos quando a concepção das pessoas não é benéfica a ninguém! Ainda, nem de longe a exposição do corpo feminino justifica a violência sexual. Esse reflexo do comportamento machista da sociedade, principalmente pelos homens, não permite que usem a exposição da mulher como justificativa para a falta de controle dos impulsos de macho. Principalmente em se tratando do homem como um ser (i)racional que naturalmente é resistente à assistência psicológica necessária para lidar com a insensibilidade de trabalhar esses instintos.

Portanto, qualquer homem é muito mais do que impulso sexual primitivo. Evoluímos justamente para aprender com as mulheres. Não cabe a postura de que a violência sexual às mulheres é culpa delas. É dos homens toscos e dos desejos e impulsos que eles fomentam, da sua natureza destrutiva e por se comportar de forma obtusa, aquém daquilo que os fariam evoluir.

Se a mulher tem seus encantos cabe à sociedade e principalmente ao homem ir além da mediocridade e aprender a preservar e admirar a mulher em toda sua complexidade, como se fosse o que realmente é: um ser cativante que a cada mínima peculiaridade observada deveria ser exaltada como virtude da maior dádiva celestial a mostra aos seres humanos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A FÓRMULA DO AMOR

Não se pode amar enquanto não se tem ideia do que seria bom para si dentro da sua realidade emocional e da vida futura.

Quando observamos os romances que não deram certo, nossos e de outros, inevitavelmente passamos a pensar no que houve e no que não houve. E se você não o faz, é quase certo que não esteja pronto para se dedicar. 

É nessa passagem de abraçar a si quando se está sozinho que começamos a nos dar conta do que uma pessoa que te encanta tem para que seja especial. E às vezes quem passou tinha de passar.

A solidão ajuda e é a mais sincera amiga. Ela faz idealizar alguém que nos preenche os anseios de um amor à vida, faz pensar numa pessoa ideal. E existe, sim, um par perfeito!

Não pelo fato de não haver perfeição de conceitos, pois não dá para racionalizar o amor - apesar de esse texto por si só já ser uma reflexão. Tampouco o parceiro é ideal porque a imperfeição é a perfeição de um amor.

A pessoa ideal existe porque mesmo que imaginemos alguém que, com seus atributos, se encaixe perfeitamente nos nossos conceitos e desejos, nunca conseguiremos figurar, quantificar, precisar tudo que ela tem a oferecer. É isso é excelente porque essa pessoa não se resume a apenas ao que você conseguiu idealizar, pois ainda que sejam muitos os aspectos imaginados, nunca conseguiremos realizar essa pessoa em toda sua complexidade e justamente por isso ela sempre terá tudo e muito mais a oferecer do que o que você espera. E ela estará por aí, te procurando também.

Procure!

Ela estará em todos os momentos e aspectos de convivência e sociabilidade. Querendo melhorar ao lado de quem sempre busca ser uma grande motivação para ela, indo além dos desafios porque vale a pena correr o risco só por você, que terá a certeza de que ela quebra todas as expectativas que as pessoas comuns esperam de um parceiro ideal porque ela não é como a maioria, que costuma falar da boca pra fora princípios, promessas e palavras. Ela não pensa em uma coisa e pratica outra. Ela simplesmente é aquilo em que acredita! É atitude, convicção, serenidade, ciúme, compreensão, delicadeza, força, paixão, cumplicidade, saudade e presença. E, claro, espera que você também seja! Portanto, se você não correspondeu às expectativas dela, esta não era a pessoa certa e a busca continua.

Sim, pode ser o maior dos riscos. Não é apenas mais um caminho para a felicidade. É a virtude plena da vida. O motivo maior de experiência de todas as emoções. E como é bom conseguir encontrar!

Certamente, mesmo depois de tudo isso, ainda haverá quem tenha medo. Mas, no final, quem realmente vai se importar se você não tentar?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CRÔNICA MORFEUS: CRIMES

Acordei às cinco da manhã em meio ao silêncio sepulcral da madrugada para escrever esse texto. Em minha companhia, um copo de vinho e as lindas luzes de Brasília cintilando em meio aos novos arranha-céus do Guará II. Poderia dizer que fiz isso só para não esquecer dos detalhes dos sonhos, mas só comprometeria o restante do meu tempo de sono se muita gente estivesse lendo esses textos ou se houvesse muito dinheiro na jogada. A verdade é que fui acometido por uma bela VRC oriunda de pizza e refrigerante consumidos na noite anterior e pela oportunidade de reflexão que os novos sonhos me deram.

Foram quatro sonhos, porém só lembro claramente de três.

Na primeira viagem da noite, eu estava no pátio do prédio onde moro. Devia ser mais de meia noite e eu tentava achar algum canto para poder me sentar e fazer algo que eu sentia que era proibido, ou imoral. Quem sabe até ambos. Poderia ser até mesmo alguma gordice. O fato é que eu me encostava de costas nos pilotis e observava as disposições das câmeras de segurança, procurando um ponto cego. Quando consegui achá-lo, notei que era um canto extremamente escuro na parte de trás do edifício. Ao observar melhor essa parte do condomínio, fui tomado da certeza de que nesse local havia algum criminoso, um assassino, apenas esperando para que eu entrasse para cometer sua atrocidade. Daí entrou um pouco do que um personagem de Edgar Alan Poe tomado por um sentimento que o escritor definiu no conto “O Demônio da Perversidade”. Esse sentimento, de mesmo nome da estória, é o de flertar com o perigo mortal, como ficar a beira de um penhasco namorando o risco de morte a ponto de sucumbir à vontade de pular de lá, mesmo sabendo do resultado dessa decisão. Foi quando o sonho terminou e deu lugar a outro, que não lembro qual era. Depois desse episódio, caí em outra camada de loucura.

Desta vez estava em algum lugar interiorano ou fora do meu habitat urbano. O lugar me lembrava muito Pirenópolis ou Ouro Preto. O mais interessante é que nunca estive em nenhum desses destinos, conheço apenas de fotos e reportagens. Não sei o que fui fazer lá, o fato é que meu molar inferior esquerdo estava em frangalhos. Passava a língua neles e o que restava dele eram pedaços muito delicados e finos, que pareciam poder se quebrar ao menor esforço o qual fossem submetidos. A textura lembrava pequenas lâminas utilizadas para visualizar coisas no microscópio. Procurava, agoniado, um dentista para resolver o problema e logo fui parar em uma lojinha de arquitetura típica da região, incrustada em uma das várias construções com eiras ornamentadas e coloridas. Passei pela cortina fina e florida que delimitava a porta de entrada e sentei num sofá, de onde fiquei observando a tarde cair enquanto esperava minha vez de ser atendido. Fim de mais um sonho relativamente tranquilo e começo do capítulo mais doido dos sonhos, em todos os sentidos.

O ambiente era muito parecido com o da idade média na Europa, porém nos dias atuais. Era uma estrada de cascalho bem claro, com um pouco de grama e mato ralo ao redor, provavelmente caminho para uma pedreira. Em um carro, um Gol "caixote" azul escuro e com rodas nuas negras, haviam dois jovens e um terceiro homem, loiro, que era o ator Jay Mohr, que interpretou o jornalista do filme “A Corrente do Bem”. O grupo formava um bando de criminosos que abordava um outro ator loiro, provavelmente um global do qual não lembro o nome. A ação acontecia num conjunto de caminhos e ladeiras formados no terreno pedregoso de uma pedreira e eu assistia a tudo como se fosse uma testemunha.

Jay Mohr ironizava a vítima e dava indiretas apontando para seus bens, conseguindo que o outro ator colocasse preços para “disfarçar” o roubo e a vítima entregava seus pertences, até que perguntou pela bicicleta que o assaltado montava. “Sabe, eu preciso ir para casa, mas estou sem condução”, disse Mohr com um sorriso sarcástico e uma arma na mão enquanto olhava para a bicicleta. “Gostaria de poder ajudar, mas preciso ir” e o ator global virou as costas e saiu pedalando apressado, mas sem medo. Foi quando o bando do hollywoodiano olhou para mim. Me senti ameaçado e quando percebi, do nada o meu amigo Caco Gonçalves, apareceu correndo na minha direção de forma realmente hostil. Algo muito ruim estava para acontecer quando, de repente, me aparece dirigindo um Gol BX uma ex-colega de trabalho, Lauriene Alvim e uma outra ex-colega, Juliana Costa, ao seu lado no carona. Elas me olharam como se dissessem “corre que a gente te dá apoio!” e corri atrás do carro, que levantava poeira e aos poucos se distanciava de mim até que pararam, talvez por perceberem que eu não conseguia me mover com a agilidade que eu queria. Quando olhei para trás, Caco havia se transformado em um outro amigo, Daniel Fernandes Coelho. Resolvi encarar de vez o problema e fui para a luta.

Eu e Daniel dávamos grandes saltos na tentativa de atingir um ao outro e também de escapar dos golpes, até que consegui pegá-lo no contra-pé do pulo e com uma tesoura dessas de manicure, que arranjei não sei de onde, ameacei furar a barrida dele. Sei que o que vou dizer é tosco, mas em sonhos nada é impossível (não fique bravo comigo Daniel, é apenas uma loucura do meu subconsciente, ok? Risos). Não sei porque cargas d’água, ele estava grávido! Eu não quis machucar a criança e interrompi a ação do golpe. A tentativa foi suficiente para acabar com a luta. Foi quando acordei de vez.

Tudo que aconteceu tem uma explicação, mas obviamente não sei justificar tudo.

Acredito que o primeiro sonho tenha a ver com parte da minha identificação. Tenho procurado uma forma de me identificar dentro das tribos. Não é algo novo para mim, que nunca tive identificação definitiva com nenhuma trupe. Já fui "axezeiro", "rockeiro", rapper, pop e hoje sei lá que diabos sou. O fato é que sou uma mistura de tudo aquilo que sobrou do que julgo ser bom para mim. Certamente, sou feliz assim, mas a falta de definição e às vezes a definição errada por parte de alguns me deixam um pouco incomodado.

O segundo sonho acredito ser fácil de explicar. Antes de tirar minhas últimas férias, havia feito um senhor planejamento para a viagem que faria após ficar “retido” 15 anos em Brasília. Sim, durante 15 anos não fui nem à Caldas Novas/GO. Passei seis meses organizando e preparando cada passo da viagem para fazer um mês de intercâmbio em Toronto/CAN. Faltando uma semana para o embarque, um pré-molar inferior direito que estava com infiltração me tirou o sono. Quase viajei com uma prótese provisória, mas o dentista verificou melhor a situação e constatou não ser necessária uma cirurgia. Assim, colocou apenas uma nova restauração. Entretanto, uns meses antes o tal molar inferior esquerdo que aparece no sonho me causou um grande trauma. Estava comendo uma bala Butter Toffees e o bloco simplesmente soltou. Com o movimento de mastigação eu mastiguei a prótese com o restante do dente, que quase se quebrou. Até hoje morro de medo de isso voltar a acontecer. Preciso voltar ao dentista...

A última viagem tem um explicação mais lúdica. Caco Gonçalves, Lauriene Alvim e Daniel Fernandes Coelho são pessoas que, nos respectivos momentos, estiveram de alguma forma mais presentes na minha vida, com participações que tiveram seus significados. Em comum com cada um deles há aquele velho distanciamento que deixamos surgir e crescer quando a vida torna-se complicada com seus percalços, meandros e compromissos que firmamos no dia-a-dia. É aquela tal situação em que vemos a pessoa à distância ou pensamos nela e falamos para nós mesmos “poxa, vou lá dar uma palavrinha com ela” e deixamos o momento oportuno passar, seguidas vezes, até que chega-se ao distanciamento que nos torna colegas ou conhecidos e nem sempre tem volta. Quantas vezes já não cometemos esse crime, que ainda acontecerá outras tantas vezes com essas e outras pessoas?

Não consegui mais dormir depois que acordei para fazer essa crônica justamente por conta desta reflexão. Achei que seria uma forma interessante de dizer a essas pessoas, assim como a tantas outras que me vêem por aí e não dizemos nada umas às outras, que nunca é tarde. O tempo não apaga experiências que nos promovem boas memórias ou lembranças de uma vivência ou acontecimento bom. Não sei se esse texto seria suficiente para promover essa reflexão.

Talvez isso devesse virar música. Vai saber...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

CRÔNICA MORFEUS: A ORIGEM

Não sei o que tem me acontecido, mas dormir tem sido uma tarefa difícil ultimamente. Talvez seja esse calor miserável ou o ambiente da minha nova residência, mas acho que na verdade é mesmo o cagaço de estar morando sozinho e ter medo de escuro.

Um dia desses resolvi dormir durante a manhã para recuperar um pouco do sono perdido a noite e poder trabalhar tranquilo.

No meu estado REM do sono, sonhei que estava no meu quarto, tranquilo e desperto, porém sabia que estava dormindo e tinha que acordar. Quando despertei do então sonho, notei que o meu quarto, que é azul celeste, estava todo azul Royal. Achei estranho e levantei, pensando "droga, acho que ainda estou dormindo..." Fui até a janela e o prédio em construção que fica logo em frente, com sua faixada branca com tijolinhos expostos in natura, era apenas um imenso paredão azul Royal. "Merda! Ainda estou sonhando! Preciso acordar..."

Voltei para a cama e tentei acordar a minha namorada. Balançava ela calmamente pelo ombro e dizia baixinho "Amor? Acorda! Vamo acordar amor…" e pensei, num lapso no melhor estilo "A Origem", em dar-lhe um "chute", aquela sensação de queda durante um sonho que te faz acordar chutando quem estiver dormindo ao seu lado.

Não sei bem o que fiz, o fato é que ela acordou de repente, me olhando meio assustada. Foi como se eu tivesse acordado junto com ela do até então 2º sonho. "Ainda bem, sabia que o chute resolveria. Peraí…" Olhei pela janela e vi de novo o bendito prédio todo azul! "Ah, não!" Foi quando acordei pela terceira vez. Estava de novo na minha cama encarando minha namorada dormindo mansamente.

"Enfim!", mas me deparei com o quarto todo em Azul Royal de novo.

Então entrei em desespero. Deitei, abracei o travesseiro com força e choraminguei "Ah não! Preciso acordar! Eu quero acordar!" e aquela sensação de estar preso dentro de si, ansioso em levantar e viver a realidade de novo pareceu mais angustiante do que jamais fora quando, finalmente, acordei com um movimento brusco e acabei acordando minha namorada, que dormia virada de frente para mim. "Oxi! o que aconteceu?" Disse a ela o que havia acontecido, mas antes me certifiquei de que estava tudo normal.

O quarto azul celeste e o prédio em construção estavam lá, completamente irretocáveis ao meu delírio sonífero. Por um instante me senti inteiramente manipulado, vítima de algum dos personagens do filme "A Origem".

Há apenas alguns meses que comecei a ter experiências mais marcantes e a sentir de forma mais intensa os detalhes e situações dos meus sonhos. Consegui inclusive sonhar, perceber que o sonho estava acabando e ficar dentro dele até terminar o que tinha de fazer. Infelizmente não lembro de todos os detalhes dessas viagens. Também tive um outro sonho onde tentava acordar e acabava descobrindo que ainda estava dormindo, mas essa experiência do quarto azul Royal foi a primeira vez que sonhei com mais de quatro camadas, uma dentro da outra, de pura alucinação entorpecida e com plena consciência do que estava acontecendo de fato.

Pena que ainda não consigo dormir tranquilamente no meu novo lar para poder lembrar e compartilhar meus sonhos insanos, mas podem esperar que serão tema das próximas crônicas.